Incandescente

17 de maio de 2016

confira as letras das músicas!

 
 

1 . Divisas

 
Evadir todas as divisas
Todos os restos pigmentados pela vida
Quando esvairem-se todas as chances
Todas as rotas parecerem inúteis
Reveses se comportarem e fúteis
Todas as cordas parecerem fugidias e insensatas
A sombra, escuridão cancelada em intensidade
Surgirão até mesmo ontem
Reversas luzes da existência vazia
Será o retorno
Quando soarem celas
Será corpo nú, fim, branca tela
Quando enfim
Desinteressada passagem
Será a vida
E nada mais será preciso
Será livre, derradeira e bela
 

2 . Contínuo Nú

 
Fúria de folhas em branco
Imensidão de potenciais indescritíveis, tela de sonhos intangíveis
Amargo lar de ata, nó, desenlace de oposto que desaba em sol
Brancas folias cheias de rubis dormentes em azul celeste enuveado
Celestial encontro dos desencontros
Desamargores infindáveis da plenitude
Fim e começo em meio a si
Início de mão em novo sim
De novo, e de novo
 
Com ti nú o nú… voo a dourar… à dor, a dor
Odor de frutiferaferidala e lama
Mas nunca aferida às voltas de florespantas
Verdadeira plantagônica donatada de vida nuncatada
Formação vertiginosa de tão poucas regras
Sem compasso, sem régua, sem rédeas
Fogo branco, dês em brando
Muitas palavras
E em uma só, tê-la
Tê-la sem rédeas
 

3 . Sol o surdo

 
Mergulhos nos mares do maior
São como alçadas de voo ao menor
Cíclica redundância do aprofundamento opositor
Na percepção flutuante da ilusão
 
Subir ao céu para conhecer a terra
E dela despencar pairando no infinito
Não importa, belas são as tangências
Que expulsam no caminho
 
Nú, caminho
 

4 . Pés Calados

 
Na piscina onde pairam desejos abreviados
Se esvair com pés calados
Lançar braçadas ao infinito do vácuo
Abraçar o desritmo das circustâncias em pesar
Não voar, se desfazer ao reter os pés às fontes
Enquantos dos medos não se atravessa as mais belas pontes
 
Com os pés pesados se desfez numa existência vazia
De notas braçadas no infinito desritmou as circunstâncias
Não voou, se desfez no pecado de reter os pés às fontes
Não atravessou as mais belas pontes
 
Circunstâncias em pesar
Desejos abreviados
Braçadas ao infinito
Desritmo, medo, desejo
 

6 . Percepção em Portas

 
Meu viés lhes queima somente os cabelos
 
Estou agora à deriva
Imenso, manso, em plena saída
Me sinto afogado, sensato e sem ato
Preso na tua ferida
 
Em toda uma época rasguei o resguardado em mim
E me despi
Por terra chorei e ao sol sorri
Olhei bem dentro como se de brasas somente os meus pudessem olhos ver ali
E vi que o salto havia por estar sendo dado
E não soube se era vida ou se morte
Ou se mesmo eu já nem previa entre, o corte
E sorri
 
Afinal já tinha o sol eu fixamente mirado
Já tinha eu, em sol de mim, eu como o sol
Que já não era todo não eu, mas réstia breve que ainda não é sol
E que pra mim é ainda melhor
Consciência do devir de vir a sós com tudo
Devir de virar sol
 
Só virar raio
Só chuva ou trovão
Só vir a mar
Dispara a brisa em qualquer direção
 

7 . Nexo em Reflexo

 
Tinha nos olhos areia
Fina e clara água evaporava minha mente
Desfoco em floco do quase nada
Permeando descrente morada
 
Os fechava e abria
Inebriado atrás da lembrança corria
E brilhavam ainda mais sóis, mais mares
E ventanias de poeira em pequenas porções estelares
Que ao passar a cada grão pedia
 
Me aterre aos mormaços de nuvens
Me eleve às brisas desnudas
Me trague em braços de ondas

Me atraque em beijos de mar
 
Me lembrava a maresia
Fechava os olhos e em mim me ía
Com a lua o irmão se confundia
Tomava vazão de memória queimada como água ainda viva
Me espalhava em luz e me guardava de volta ao dia
Veloz e fugidio por diversas vezes se punha e nascia
 
Até que no encontro do nexo em reflexo
Em reator nú, luar, enfim explodia